Caros leitores,
Ser mentor em saúde integral obriga a uma consciência expandida que permite enxergar para além da aparência (matéria se assim lhe quiserem chamar). Seria muito bom que essa expansão da consciência pudesse ser transmitida aqui para que todos pudessem usufruir e participarmos mais rapidamente na reconstrução da humanidade.
O módulo de anatomia que aqui é apresentado faz parte do conhecimento básico e pode ser encontrado em qualquer biblioteca. Apesar de ser indispensável como conhecimento básico, não faz um mentor em saúde integral.
Ser mentor em saúde integral começa por ser humilde suficiente para estar em permanente construção e não se limitar por conhecer as causas implícitas dos males que o afetam ou afetam os outros. Precisa ter sabedoria suficiente para não cometer os mesmos erros que têm sido cometidos pelas várias ciências médicas. Que apesar de parecer a atitude mais lógica, lutar vigorosamente contra os problemas ou a doença já percebemos que não funciona. Pelo contrário até se cria a crença que o sofrimento e a doença são um mal inevitável, a que todos estamos sujeitos. Esta crença é terrível, tornando-se verdade. As pesquisas mais avançadas na biologia provam que a biologia funciona em função da crença.
A crença materialista/dualista está na origem de todo o sofrimento, da mesma forma que o pecado e os castigos de Deus estavam na origem das pestes da idade média.
Apesar da mentoria em saúde integral ainda estar a dar os primeiros passos e ter como base a experiências dos erros das várias escolas de cura, aliados aos modernos conceitos científicos, o curso de mentor de saúde integral é começa na reeducação personalizada do aluno.
Apesar deste ou outros módulos básicos estejam a ser disponibilizados, estamos disponíveis para outras solicitações.
Módulo 1
AS INTERRELAÇÕES ENTRE ÓRGÃOS, SISTEMAS E APARELHOS DO CORPO HUMANO
Tema 1
O ESTUDO ANATÓMICO E FISIOLÓGICO DO CORPO HUMANO – PARTE 1
Conteúdo 1
ANATOMIA E FISIOLOGIA DO SISTEMA DIGESTIVO
1.1. Processos da digestão
Os alimentos, como são ingeridos, não estão no formato em que o corpo pode aproveitá-los. Devem ser transformados em pequenas moléculas de nutrientes antes de serem absorvidos no sangue e levados às células para sua nutrição e reprodução. Este processo chama-se digestão.
A digestão humana é extracelular e envolve processos mecânicos e químicos.
Processos mecânicos: compreendem a mastigação, a deglutição (ato de engolir) e os movimentos peristálticos. Na mastigação o alimento é convenientemente fragmentado, o que facilita a ação enzimática. Após a deglutição do alimento, iniciam-se os movimentos peristálticos no esófago, no estômago e no intestino, que são movimentos involuntários controlados pelo sistema nervoso central.
Tais movimentos possibilitam o fluxo unidirecional do alimento ao longo do tubo digestivo.
Processos químicos: envolvem a participação de enzimas digestivas.
Sabes que
Certas substâncias, como a água, o álcool, as vitaminas e os sais minerais não sofrem digestão; são suficientemente pequenas para serem absorvidas pelo organismo.
1.2. Anatomia do Sistema Digestivo
O sistema digestivo humano é formado por um longo tubo musculoso, ao qual estão associados órgãos e glândulas que participam da digestão. Apresenta as seguintes regiões: boca, faringe, esófago, estômago, intestino delgado, intestino grosso e ânus. E as seguintes glândulas anexas: glândulas salivares, fígado e pâncreas, que são essenciais no processo da digestão, produzindo tanto os sucos que degradam os alimentos como também as hormonas que controlam todo o processo.
A
parede do tubo digestivo, do esófago ao intestino, é formada por quatro
camadas: mucosa, submucosa, muscular e adventícia. Na cavidade oral (boca),
estômago e intestino delgado, a mucosa contém pequenas glândulas que produzem
líquidos específicos utilizados na digestão dos alimentos
• Boca:
A boca é a abertura pela qual o alimento entra no tubo digestivo, sendo sede da mastigação e salivação. Apresenta como principais estruturas: os dentes e a língua.
Os dentes e a língua preparam o alimento para a digestão, por meio da mastigação.
Os dentes reduzem os alimentos em pequenos pedaços, misturando-os à saliva, o que irá facilitar a futura ação das enzimas.
– Dentes: Duas dentições surgem durante a vida do indivíduo – a decidual ou temporária (de leite) e a permanente. Ambas as dentições começam o seu desenvolvimento no útero; os dentes deciduais começam a desenvolver-se, aproximadamente, na sétima semana fetal; e os dentes permanentes aproximadamente no quarto mês. A decidual consiste de 20 dentes, cinco em cada quadrante: dois incisivos, um canino e dois molares.
Esses dentes nascem, em média, dos 6 aos 24 meses após o nascimento e, geralmente, caem entre os 6 e 12 anos. Existem 32 dentes permanentes numa dentição completa, oito em cada quadrante: dois incisivos, um canino, dois pré-molares, e três molares. Os incisivos, os caninos e pré-molares substituem os dentes deciduais e os molares ocupam novas posições na mandíbula aumentada do adulto, cujas funções são respetivamente: cortar, ferir ou dilacerar e triturar o alimento.
Todos os dentes são constituídos por três partes principais: a coroa, que é a parte exposta; a raiz (ou raízes), que constitui a porção embutida no alvéolo (cavidade óssea) do maxilar ou mandíbula; e o colo, que é a junção entre a coroa e a raiz. Os incisivos, os caninos e a maioria dos pré-molares possuem uma única raiz; o primeiro e o segundo molares inferiores possuem duas raízes, enquanto os dois primeiros molares superiores geralmente possuem três; os terceiros molares geralmente, não possuem mais do que uma raiz. Por sua vez, os dentes apresentam quatro substâncias diferentes: esmalte (substância mais dura do corpo, composta principalmente de fosfato de cálcio, que reveste a dentina da coroa), dentina (parte maior do dente, composta por substância óssea, porém mais dura e mais compacta), polpa dental (formada por tecido conjuntivo frouxo ricamente vascularizado encontrada na cavidade pulpar, que supre os dentes com nutrientes e inervação sensitiva de dor) e o cemento (tecido semelhante a osso, responsável pela proteção da raiz). Cada dente apresenta uma mucosa, que circunda o colo e a parte inferior da coroa do dente como um colar, chamada de gengiva. O epitélio da gengiva é pavimentoso estratificado, que mergulha em direção à raiz antes de se unir ao esmalte, formando um sulco raso, o sulco gengival.
– Língua: Estrutura com grande mobilidade, é dividida ao meio pelo septo fibroso mediano e composta por dois grupos de músculos: músculos intrínsecos (dentro da língua) e extrínsecos (com origem na mandíbula), que puxam a língua para cima, para baixo, para frente e para trás. Uma prega de membrana mucosa, o frénulo, prende a língua ao assoalho da boca.
Na superfície da língua existem dezenas de papilas gustativas, cujas células sensoriais percebem os quatro sabores primários: amargo (A), azedo ou ácido (B), salgado (C) e doce(D). Da sua combinação resultam centenas de sabores distintos. A distribuição dos quatro tipos de recetores gustativos, na superfície da língua, não é homogénea. O palato, ou teto da boca, consiste em duas partes: uma porção anterior, palato duro, formada pelos ossos, maxilar e palatino; e uma porção posterior, palato mole, composta de músculos que terminam numa projeção livre chamada úvula. A abertura da faringe localiza-se atrás da úvula. A língua funciona misturando a saliva com o alimento e mantendo o bolo alimentar pressionado entre os dentes para a mastigação, e depois, empurra-o para trás, para ser deglutido.
• Faringe:
Canal músculo membranoso, situado atrás das fossas nasais e da boca, que termina inferiormente na laringe e na traqueia, por um lado; e no esófago por outro. Serve de via tanto para o sistema respiratório, permitindo a passagem do ar em direção à laringe; quanto para o digestivo, na passagem do alimento para o esófago.
• Esófago:
Canal que liga a faringe ao estômago por uma distância de cerca de 25 cm. Localiza-se, posteriormente à traqueia; e anteriormente à coluna vertebral, passando através do diafragma (músculo que separa o tórax do abdómen) em frente à aorta, para, então, entrar no estômago. O alimento, que se transforma em bolo alimentar, é empurrado pela língua para o fundo da faringe, sendo encaminhado para o esófago, impulsionado pelas ondas peristálticas, levando entre 5 e 10 segundos para percorrer o esófago. Quando a cárdia se relaxa, permite a passagem do alimento para o interior do estômago. Essas ondas ou movimentos peristálticos são movimentos ondulados e de contração que permitem que o bolo alimentar seja empurrado ao longo do tubo digestivo para ser transformado. Estes movimentos ajudam ainda a misturar o bolo alimentar ao suco digestivo que atua na digestão.
SABIAS QUE
Através dos peristaltismos, podes ficar de cabeça para baixo e mesmo assim, o alimento chegará ao intestino. Entra em ação um mecanismo para fechar a laringe, evitando que o alimento penetre nas vias respiratórias.
• Estômago e suco gástrico:
O estômago é uma bolsa de parede musculosa, localizada no lado esquerdo abaixo do abdómen, logo abaixo das últimas costelas. É um órgão muscular que liga o esófago, através do orifício cárdia, ao intestino delgado, pelo orifício chamado piloro. Esse orifício é formado por um anel muscular que se contrai quando o bolo alimentar chega até o estômago. Dessa maneira, o alimento não passa para o intestino delgado, ficando retido no estômago até que a sua função digestiva se complete.
Este órgão apresenta três funções mecânicas básicas: (1) reservatório do alimento, função realizada pela parte superior do estômago que relaxa a sua musculatura e aumenta a sua capacidade; (2) mistura os alimentos com o suco digestivo produzido por ele, função realizada pela parte inferior do estômago e (3) liberta os alimentos (esvaziamento gástrico), já parcialmente digeridos para o intestino delgado, sendo sua principal função, a digestão de alimentos proteicos.
Vários fatores afetam o esvaziamento gástrico, como o tipo de alimento, a ação da musculatura do estômago e a capacidade do intestino delgado de receber mais alimentos parcialmente digeridos. Quando o bolo alimentar chega ao intestino delgado ele sofre a ação do suco digestivo produzido pelo pâncreas, fígado e intestino e é impulsionado para frente para dar espaço a mais alimento vindo do estômago.
O estômago consiste de três partes: o fundo, a parte superior deslocada para a esquerda; o corpo, a parte central; e a parte pilórica (antro), que é uma parte ligeiramente estreitada na região terminal, antes da entrada no duodeno.
A parede do estômago é composta por quatro túnicas: serosa (revestimento mais externo chamado de peritónio visceral), muscular (muito desenvolvida, formada por fibras musculares lisas), submucosa (tecido conjuntivo, encontrado entre a mucosa e a muscular, que age para compensar as alterações em tamanho do tubo digestivo durante a passagem do alimento) e mucosa (camada mais interna do trato digestivo, que secreta o suco gástrico). Quando está cheio de alimento, o estômago torna-se ovoide ou arredondado e quando está vazio, tem a forma de uma letra “J” maiúscula. Apresenta movimentos peristálticos que asseguram a sua homogeneização.
Este órgão produz o suco gástrico que é um líquido incolor, altamente ácido, que contêm ácido clorídrico, muco, enzimas e sais. O ácido clorídrico mantém o pH do interior do estômago entre 0,9 e 2,0 e tem ação anti-séptica, promovendo a morte ou a inibição de inúmeros microrganismos que inevitavelmente penetram no tubo digestivo juntamente com o alimento. Também dissolve o cimento intercelular dos tecidos dos alimentos, auxiliando a fragmentação mecânica iniciada pela mastigação.
A principal enzima gástrica é a pepsina. Essa enzima é lançada na cavidade gástrica como pepsinogénio (enzima inativa), que, em presença de HCl (ácido clorídrico), transforma-se na pepsina ativa. Esta converte as proteínas em frações peptídicas, que terão a sua digestão completada no intestino delgado.
FICA A SABER QUE
A renina, enzima que age sobre a caseína, uma das proteínas do leite, é produzida pela mucosa gástrica durante os primeiros meses de vida. O seu papel é o de flocular a caseína, facilitando a ação de outras enzimas proteolíticas.
A mucosa gástrica é recoberta por uma camada de muco, que a protege da agressão do suco gástrico, bastante corrosivo. Apesar de estarem protegidas por essa densa camada de muco, as células da mucosa estomacal são continuamente lesadas e mortas pela ação do suco gástrico. Por isso, a mucosa está sempre a ser regenerada. Estima-se que a nossa superfície estomacal seja totalmente reconstituída a cada três dias. Eventualmente ocorre desequilíbrio entre o ataque e a proteção, o que resulta em inflamação da mucosa (gastrite) ou mesmo no aparecimento de feridas dolorosas que sangram (úlceras gástricas).
O bolo alimentar pode permanecer no estômago por até quatro horas ou mais e, ao misturar-se ao suco gástrico, auxiliado pelas contrações dos músculos estomacais, transforma-se numa massa cremosa acidificada e semilíquida, o quimo. Passando por um esfíncter muscular (o piloro), o quimo vai sendo, aos poucos, libertado no intestino delgado, onde ocorre a maior parte da digestão.
FICA A SABER QUE
A secreção gástrica é regulada pela gastrina, hormona produzida na região pilórica do estômago, que estimula a produção da secreção gástrica. Já a enterogastrona, hormona produzido pela mucosa intestinal, inibe a produção dessa secreção digestiva.
• Intestino delgado:
O intestino delgado estende-se do estômago (piloro) até ao cólon (válvula íleo-cecal) e é um tubo com pouco mais de 6 m de comprimento por 4 cm de diâmetro e pode ser dividido em três regiões: duodeno (cerca de 25 a 30 cm), jejuno (cerca de 5 m) e íleo (cerca de 1,5 m). A parte superior ou duodeno, que tem a forma de ferradura, é a secção mais curta, mais larga e mais hirta do intestino delgado. Abrange o piloro, esfíncter muscular da parte inferior do estômago pela qual este esvazia o seu conteúdo no intestino.
A digestão do quimo ocorre, predominantemente, no duodeno e nas primeiras secções do jejuno, graças à ação conjunta da bílis, do suco pancreático e do suco entérico.
O suco entérico é uma solução rica em enzimas com pH aproximadamente neutro, produzido pela mucosa do intestino delgado. Uma dessas enzimas é a enteroquínase.
Outras enzimas são os dissacarídeos, que hidrolisam dissacarídeos em monossacarídeos (sacarose, lactase, maltase). No fluxo entérico há enzimas que dão sequência à hidrólise das proteínas: os oligopeptídeos sofrem ação das peptidases, resultando em aminoácidos. No intestino, as contrações rítmicas e os movimentos peristálticos das paredes musculares, movimentam o quimo, ao mesmo tempo em que este é atacado pela bílis, enzimas e outras secreções, sendo transformado em quilo.
A absorção dos nutrientes ocorre através de mecanismos ativos ou passivos, nas regiões do jejuno e do íleo. A superfície interna, ou mucosa, dessas regiões, apresenta, além de inúmeros dobramentos maiores, milhões de pequenas dobras (4 a 5 milhões), chamadas vilosidades intestinais. As células das vilosidades, por sua vez, também possuem dobras, as microvilosidades. Todas essas dobras aumentam enormemente a superfície do intestino e, portanto, a sua capacidade de absorção dos nutrientes. O intestino delgado também absorve a água ingerida, os íons e as vitaminas.
Cada vilosidade possui capilares sanguíneos, onde os nutrientes absorvidos por eles passam para o fígado para serem distribuídos pelo resto do organismo. Os produtos da digestão de gorduras (principalmente glicerol e ácidos gordos isolados) chegam ao sangue sem passar pelo fígado, como ocorre com outros nutrientes. Nas células da mucosa, essas substâncias são reagrupadas em triacilgliceróis (triglicerídeos) e envelopadas por uma camada de proteínas, formando os quilomícrons, transferidos para os vasos linfáticos e, em seguida, para os vasos sanguíneos, onde alcançam as células gordurosas (adipócitos), sendo, então, armazenados.
FICA A SABER QUE
No adulto, o intestino delgado tem 6,5 m de comprimento. Mas, graças às vilosidades, a sua área de absorção é de aproximadamente 180 metros quadrados.
• Intestino grosso:
É o local de absorção de água, tanto a ingerida quanto a das secreções digestivas. Uma pessoa bebe cerca de 1,5 litros de líquidos por dia, que se une a 8 ou 9 litros de água das secreções. Glândulas da mucosa do intestino grosso segregam muco, que lubrifica as fezes, facilitando o seu trânsito e eliminação pelo ânus.
Mede cerca de 1,5 m de comprimento e 7 cm de diâmetro, divide-se em ceco, cólon ascendente, cólon transverso, cólon descendente, cólon sigmoide e reto. A saída do reto chama-se ânus e é fechada por um músculo que o rodeia, o esfíncter anal. O ceco, ou primeira porção do intestino grosso, é uma bolsa alongada situada na porção inferior direita do abdómen. Ligado à sua base, está um tubo delgado, o apêndice, que possui uma cavidade que se comunica com o ceco. O cólon ascendente estende-se para cima, a partir do ceco junto à parede abdominal posterior direita até a superfície inferior do fígado e anteriormente ao rim direito. O cólon transverso sobrepõe-se às circunvoluções do intestino delgado e cruza a cavidade abdominal da direita para a esquerda, abaixo do estômago.
O cólon descendente começa perto do baço, caminhando para baixo, do lado esquerdo do abdómen, em direção à crista ilíaca, tornando-se o cólon sigmoide ou cólon pélvico. Numerosas bactérias vivem em mutualismo no intestino grosso. O seu trabalho consiste em dissolver os restos alimentícios não assimiláveis, reforçar o movimento intestinal e proteger o organismo contra bactérias estranhas, geradoras de enfermidades.
As fibras vegetais, principalmente a celulose, não são digeridas nem absorvidas, contribuindo com percentagem significativa da massa fecal. Como retêm água, a sua presença torna as fezes macias e fáceis de serem eliminadas. O intestino grosso não possui vilosidades nem segrega sucos digestivos, normalmente só absorve água, em quantidade bastante consideráveis. Como o intestino grosso absorve muita água, o conteúdo intestinal condensa-se até formar detritos inúteis, que são evacuados.
Assim, as funções básicas do intestino grosso são: absorção de água; formação e eliminação de fezes.
• Glândulas anexas:
O pâncreas, o fígado e a vesícula biliar, derivados da porção do tubo digestivo que forma o intestino delgado, e as glândulas salivares, derivadas da porção cranial do intestino anterior, estão intimamente associados à fisiologia da digestão. As glândulas salivares segregam enzimas digestivas na boca, que iniciam a digestão dos glicídicos. O pâncreas segrega enzimas digestivas que agem nos três principais componentes de ingestão – glicídicos, lipídios e proteínas. A bílis, segregada pelo fígado, é essencial para absorção normal de lipídios digeridos. A vesícula biliar concentra e armazena a bílis. O duodeno recebe o suco pancreático via ducto pancreático e a bílis via ducto colédoco.
– As Glândulas Salivares
A presença de alimento na boca, assim como a sua visão e cheiro, estimulam as glândulas salivares a segregar saliva, que contém a enzima amílase salivar ou ptialina, além de sais e outras substâncias. A amílase salivar digere o amido e outros polissacarídeos (como o glicogénio), reduzindo-os em moléculas de maltose (dissacarídeo). Três tipos de glândulas salivares lançam a sua secreção na cavidade bucal: parótida, submandibular e sublingual.
Glândula parótida: com massa variando entre 14 e 28 g, é a maior das três; situa-se na parte lateral da face, abaixo e adiante do pavilhão da orelha. Glândula submandibular: é arredondada, mais ou menos do tamanho de uma noz. Glândula sublingual: é a menor das três; fica abaixo da mucosa do soalho da boca.
– O Fígado
É a maior glândula do organismo, pesa cerca de 1,5 kg no homem adulto; e na mulher adulta entre 1,2 e 1,4 kg. Tem cor arroxeada, superfície lisa e recoberta por uma cápsula própria.Está situado no quadrante superior direito da cavidade abdominal. O fígado “trabalha” para os vários sistemas do corpo. Para o sistema digestivo, produz a bílis, em torno de 700 mL/dia e que é armazenada na vesícula biliar. Não contêm enzimas, mas apresenta sais biliares que têm ação detergente, emulsificando ou emulsionando as gorduras, facilitando a ação das lípases pancreáticas. A bílis também é muito importante para absorção das vitaminas D e K, que são lipossolúveis. O tecido hepático é constituído por formações diminutas que recebem o nome de lobos, compostos por colunas de células hepáticas ou hepatócitos, rodeadas por canais diminutos (canalículos), pelos quais passa a bílis, segregada pelos hepatócitos. Estes canais unem-se para formar o ducto hepático que, junto com o ducto procedente da vesícula biliar, formao ducto comum da bílis, que descarrega o seu conteúdo no duodeno. As células hepáticas ajudam o sangue a assimilar as substâncias nutritivas e a excretar os materiais residuais e as toxinas, bem como esteróides, estrógenios e outras hormonas. O fígado é um órgão muito versátil. Armazena glicogénio, ferro, cobre e vitaminas. Produz carboidratos a partir de lipídios ou de proteínas, e lipídios a partir de carboidratos ou de proteínas. Sintetiza, também, o colesterol e purifica muitos fármacos e muitas outras substâncias. O termo hepatite é usado para definir qualquer inflamação no fígado, como a cirrose. O fígado apresenta as seguintes funções:
a) Segregar a bílis, líquido que atua no emulsionamento das gorduras ingeridas, facilitando, assim, a ação da lípase; b) Remover moléculas de glicose no sangue, reunindo-as quimicamente para formar glicogénio, que é armazenado; nos momentos de necessidade, o glicogénio é reconvertido em moléculas de glicose, que são relançadas na circulação; c) Armazenar ferro e certas vitaminas nas suas células; d) Metabolizar lipídios; e) Sintetizar diversas proteínas presentes no sangue, de fatores imunológicos e de coagulação e de substâncias transportadoras de oxigénio e gorduras; f) Degradar álcool e outras substâncias tóxicas, auxiliando na desintoxicação do organismo; g) Destruir hemácias (glóbulos vermelhos) velhos ou com deficiência, transformando a sua hemoglobina em bilirrubina, o pigmento castanho-esverdeado presente na bile.
– O pâncreas
O pâncreas é uma glândula mista, de mais ou menos 15 cm de comprimento e de formato triangular, localizada transversalmente sobre a parede posterior do abdómen, na alça formada pelo duodeno, sob o estômago. O pâncreas é formado por uma cabeça que se encaixa no quadro duodenal, de um corpo e de uma cauda afilada. A secreção externa dele é dirigida para o duodeno pelos canais de Wirsung e de Santorini. O canal de Wirsung desemboca ao lado do canal colédoco na ampola de Vater. O pâncreas comporta dois órgãos estreitamente imbricados: pâncreas exócrino e o endócrino.
Principais enzimas pancreáticas são:
Tripsina (protéase):
Proteínas _______ frações peptídicas;
Amilopsina (amílase):
Amido _______ maltoses;
Lípases:
Lipídios _____ ácidos graxos + gliceróis;
Nucleasses:
Ácidos nucleicos _____ nucleotídeos.
Sabias que
A produção do suco pancreático é estimulado pela ação de duas hormonas produzidos pela mucosa intestinal: a secretina e a pancreozimina.
– O pâncreas exócrino produz enzimas digestivas em estruturas reunidas denominadas ácinos. Essas estruturas estão ligadas através de finos condutos, por onde a sua secreção é levada até um condutor maior, que desemboca no duodeno, durante a digestão. Esta secreção é o suco pancreático, produzido em torno de 1,5 l/dia, tendo em sua composição água, enzimas e grandes quantidades de bicarbonato de sódio. Apresenta como função a hidrólise da maioria das moléculas de alimento, como carboidratos, proteínas, gorduras e ácidos nucleicos.
O suco pancreático contém ainda o tripsinogénio e o quimiotripsinogénio, formas inativas em que são excretadas as enzimas proteolíticas tripsina e quimiotripsina. Sendo produzidas na forma inativa, as protéases não digerem a suas células secretoras. Na luz do duodeno, o tripsinogénio entra em contato com a enteroquínase, enzima segregada pelas células da mucosa intestinal, convertendo-se em tripsina, que por sua vez contribui para a conversão do precursor inativo quimiotripsinogénio em quimiotripsina, enzima ativa. A tripsina e a quimiotripsina hidrolisam polipeptídeos, transformando-os em oligopeptídeos. A pepsina, a tripsina e a quimiotripsina rompem ligações peptídicas específicas ao longo das cadeias de aminoácidos.
-O pâncreas endócrino segrega hormona insulina e glucagon. A insulina possibilita a entrada da glicose nas células e, portanto, a sua transformação em energia. Por isso a ação da insulina é reduzir o nível de glicose no sangue (glicemia).
Quando ingerimos poucos carboidratos ou ficamos muito tempo sem comer, a glicemia desce muito. Então, o glucagon age, estimulando a transformação de outras substâncias em glicose, estabilizando o seu nível no sangue.
1.3. Controle da atividade digestiva
A autorregulação do aparelho digestivo é obtida pela ação conjunta dos sistemas nervoso e circulatório (sanguíneo). A grande maioria das hormonas que controlam as funções do sistema digestório são produzidas e libertadas pelas células da mucosa do estômago e intestino delgado. Estas hormonas são libertadas na corrente sanguínea, vão até o coração e retornam ao sistema digestivo onde estimulam a libertação dos sucos digestivos e os movimentos dos órgãos. As principais hormonas que controlam a digestão são a gastrina, a secretina e a colecistoquinina (CCK).
A presença de alimento na boca, a simples visão, pensamento ou o cheiro do alimento, estimulam a produção de saliva. Enquanto o alimento ainda está na boca, o sistema nervoso, por meio do nervo vago, envia estímulos ao estômago, iniciando a libertação de suco gástrico. Quando o alimento chega ao estômago, este começa a segregar gastrina (1), hormona produzida pela própria mucosa gástrica e que estimula a produção do suco gástrico. Aproximadamente 30% da produção do suco gástrico é mediada pelo sistema nervoso, enquanto os 70% restantes dependem do estímulo da gastrina, como por exemplo, a libertação de ácido clorídrico (HCl) através da célula parietal produtora de ácido que está presente apenas na função gástrica. Além da gastrina, participa também deste estímulo a histamina e acetilcolina. Com a passagem do alimento para o duodeno, a mucosa duodenal segrega outra hormona, a secretina (2), que estimula o pâncreas a produzir suco pancreático e libertar bicarbonato. Ao mesmo tempo, a mucosa duodenal produz colecistocinina (ou CCK) (3), que é estimulada principalmente pela presença de gorduras no quimo e que provoca a secreção do suco pancreático e contração da vesícula biliar (4), que lança a bílis no duodeno.
Em resposta ainda ao quimo, rico em gordura, o duodeno segrega enterogastrona (5), que inibe os movimentos de esvaziamento do estômago, a produção de gastrina e, indiretamente, do suco gástrico. A tabela, mostra-nos de forma sucinta as principais características das hormonas que que atuam no processo da digestão.
Sabias que
O tempo de duração da digestão depende do tipo e da consistência do alimento. Mas, em média, o tempo de permanência do alimento em cada trecho do tubo digestivo de um indivíduo adulto é: • boca, faringe, esôfago: cerca de 1 minuto; • estômago: de 2 a 4 horas; • intestino delgado: de 1 a 4 horas; • intestino grosso: de 10 a vários dias.
Então, para que o nosso organismo possa ter um bom desempenho fisiológico, temos que nos alimentar devidamente, proporcionando assim, a realização eficiente de todas as etapas da digestão e a absorção dos nutrientes essenciais para a nossa sobrevivência. No entanto, existem alguns distúrbios encontrados para o sistema digestivo, devido ao mau funcionamento deste sistema e a alimentação irregular, como por exemplo: obesidade (maior problema de saúde atual), anorexia e bulimia nervosa (rejeição e compulsão pelos alimentos, respetivamente) e fome crónica (desnutrição).