Não tem começo nem fim (pensamento)
A mente pode ser vista sob dois aspetos: o consciente e o inconsciente.
O consciente é onde ocorre a perceção. Ele representa apenas uma pequena parte da mente, que compreende tudo aquilo de que estamos cientes no momento. A atividade do pensamento é a manifestação do consciente.
Imagine uma lanterna acesa na escuridão; somente onde o foco de luz clareia é consciente.
O consciente está ligado a todo o organismo, podendo a qualquer momento focar uma das suas partes ou identificar as sensações provenientes do corpo. A mente consciente também se estende até onde os sentidos podem alcançar.
A identificação dos estímulos externos representa uma extensão do consciente que não se limita apenas a captar os sons, as imagens, etc., mas também a perceber através do sexto sentido as emanações energéticas das pessoas ou dos ambientes, chegando a captar o ambiente astral em casos especiais.
A consciência é um fenómeno abrangente que transcende o sistema nervoso, sendo ela fruto da interação entre o interno e o externo.
Existe uma frase de Yogananda que esclarece esse conceito:
A mente é como um elástico que pode se estender ao infinito, sem se romper.
Essa ideia contrasta com o ponto de vista tradicional da ciência, que descreve a perceção como um “arco reflexo”, em que o mundo é um conjunto de estímulos que tocam os aparelhos sensores, e estes são conduzidos até o córtex cerebral, onde são interpretados pelos neurónios e percebidos pela mente.
Esse nível de perceção também pode ser chamado de mente superficial ou eu consciente, que engloba tudo que se percebe no presente e identifica o que está ao redor. Nele estão todos os fenómenos dos sentidos (audição, visão, paladar, olfato e tato) que promovem as sensações, permitindo reconhecer o aqui – agora.
Essa mente é a que pensa, escolhe, decide, acredita ou desacredita e focaliza a atenção; ela é que dá a sensação de individualidade, promovendo a lucidez ou eu consciente.
O principal atributo do eu consciente é o discernimento, o poder de escolher, de dar importância ou mudar o ponto de vista a qualquer momento, bem como mobilizar a vontade para intensificar os objetivos de vida.
Ele é também responsável por formar o senso de realidade, de creditar como real ou irreal qualquer fato.
As faculdades mentais são atributos da vida. Por meio delas pode reconhecer a si mesmo e interagir com o ambiente à sua volta.
Em suma, não pense que a mente é restrita ao corpo somente porque você a identifica dessa maneira. A mente consciente vai além do simples fato de interpretar descodificar os estímulos externos. Ela interage no mundo, tornando-se parte integrante dele.
O inconsciente não pode ser interpretado com facilidade nem ser evocado voluntariamente, porém os seus conteúdos podem se manifestar no mundo consciente.
Grande parte dos conteúdos da mente origina-se do inconsciente. Ele é a fonte das energias psíquicas e contém os fatores básicos da personalidade do indivíduo.
Os estudos a respeito da mente se aprofundaram e hoje se sabe que o material armazenado no inconsciente não são apenas as experiências pessoais da vida atual guardadas na memória, mas também os fatos de vidas passadas relacionados a si e à vida em geral, chegando a ter contacto com os arquivos do passado do universo.
As pesquisas da psicologia, principalmente as realizadas por Carl Jung sobre o inconsciente coletivo, comprovam que o inconsciente é ilimitado, abrangendo não só o que existe mas também tudo que existiu e existirá. Jung exemplifica o inconsciente comparando-o ao ar, que é o mesmo em todo o lugar, todos o respiram, mas ele não pertence a ninguém.
Diz ainda: o inconsciente não é um recipiente que coleta o lixo da consciência, ele é a outra metade da psique.
Assim podemos concluir que nós não temos um inconsciente para cada um, mas todos “dentro” do inconsciente coletivo.
A mente consciente tem a capacidade de criar as noções de tempo e de espaço, podendo em certas circunstâncias ignorá-las. Ela está tanto dentro como fora de nós, e o que temos como limite não passa de uma convenção fruto da ótica que temos da vida. Sendo assim, estamos integrados a tudo que existe e nos tornamos parte daquilo que experimentamos.
Todo o tipo de matéria é formado por átomos: o ar é composto de moléculas que são constituídas de átomos, o organismo humano é um conjunto de células que também são formadas pelos átomos, e tudo isso se encontra de forma a ser uma massa de átomos. Desse modo, o que percebemos como corpo físico é a impressão de sólido que a mente interpreta como fenômeno somático. Assim como o mundo atômico, a mente é contínua, estando tanto dentro quanto fora de nós.
A mente consciente é que distingue o que é interno ou externo, bem como a diferença entre sólido, líquido e gasoso. A perceção desses diversos tipos de matéria
e o lugar que ocupamos no espaço é de acordo com o nosso senso de realidade, porque,
para a física, somos uma variação atómica dentro do universo indivisível.
Evolução é o nome dado ao contínuo processo da mente de devassar os níveis inconscientes, ampliando a consciência e a lucidez. É como se no início fôssemos só inconsciente e por algum motivo a consciência nascesse e iniciasse a sua viagem de expansão. Nasce também o tempo e o universo da realidade ou o universo sensorial.
Talvez cheguemos a desvendar o inconsciente totalmente e talvez aí a evolução termine…
Metafísica da saúde- Vol I Valcapelli & Gasparetto